segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Como o vazio nas mãos se tornou o ponto de virada

Foi apenas um treino para permanecer com meus propósitos humanistas após as surras que levava sem dó e por mero prazer perverso das crianças que eu não tinha coragem de mostrar a minha verdadeira força. Devo ter aprendido isso ainda na adolescência nas aulas de karatê, o caminho das mãos vazias, o que escrevi com tinta invisível da consciência. Todo final carrega a possibilidade de um novo começo.

Lógico, dependendo da habilidade do escritor da própria vida. Bom, a verdade disso para mim é um tanto mais, digamos, rizomática. Acabei pegando “gosto” por esta palavra que lembra “riso”, “mas”... De tanto lê-la nesses livros encantados da academia, percebi o hiperlink descritivo desta vida em rede sem história por sempre ser ao vivo. Sempre...

O final foi o tiro, em sequência, para consequência de vários outros finais. Sim, um eufemismo para dizer o quanto metralhei o passado. Carregada de tantas respostas, ando sem presentes, sem testemunhas oculares, sem culpas, desculpas. As decodifico de maneira mais rápida, quase instantânea se comparada aos meus comparsas de viagem. Sou de outro tempo, desconfiei desde o princípio.

Seria um milagre estar aqui, se não fosse pelos meus 21 anos de injeções diárias. Conseguem controlar os níveis de hormônios em adesivos contraceptivos para mulheres, mas insulina, um outro tipo de hormônio e unissex, não. Posso fazer cirurgia de transplante de pâncreas apenas se meus rins pararem também. Insulina aerossol não chegou no Brasil porque não é bom para a concorrência aplicada em me furar, me ferrar. Que droga de manipulação barata eu inventei de pagar para existir... É o preço.

Vamos lá! Assisti novas tecnologias, novas descobertas científicas numa TV digital, ossos sob medida, com precisão e impressão cirúrgica 3D, em Singapura. Na Alemanha, parecem que descobriram a cura para a esquizofrenia e depressão, frequência de 30 vezes essas palavras doentes de sentido ocidental. A culpa não é mais subjetiva.

Se é objetiva, a representação do mal estar da nossa civilização touch screen são os microorganismos presentes em nossos corpos, um número cerca de 10 vezes maior do que de nossas próprias células, que podem ser combatidos com cortisona, eles disseram. Não entendi o tabu de mencionar a bipolaridade, apenas um bip em toda a matéria comprada. O que Sartre dizia mesmo sobre os outros, extermine-os se não prestam ou algo assim?

Os limites para ser Deus, ou brincar de ser ele, um dos pesquisadores sentiu nos ossos. Muita responsabilidade, né? Por se julgar sensato, com aqueles olhos puxadinhos e espantados pela pergunta, ainda se considera humano. Mal sabe, mas sabe que existem os loucos do outro lado que não irão parar logo por normas de bioética, ainda mais com uns 815 milhões de seres humanos morrendo de fome, segundo a primeira página do Google. Morrendo sem nenhuma Literatura cristã que os possa salvar. Citando o Michael Jackson do South Park: “Que ignorantes”!

E eu nem mencionei os números da guerra constante para sobreviver à violência diária, já que não consigo me atualizar nem com buscadores online. A vida em números, estatísticas com margens de erro para mais ou para menos. E a pergunta do Fantástico, após mostrar um bebê com uma síndrome rara, uma tal de AME, por tabela: Quanto vale a vida?

Para um referencial de dados e fonte capitalista, a vida vale a pena ser vivida se lucrativa. Vamos, observe da cadeira o precipício em cadeia evolutiva, aproveite as métricas sociais e este algoritmo que me fez cair em seus olhos, sabemos, intimamente, que a maioria vale menos que nada. Ou teria outra justificativa este sofrimento absurdo de um mundo falido por tantas ostentações fálicas broxantes?

Eu queria dizer que tudo isso não passa de obra de Satanás, mas se eu escrever isso seria oferecer para toda a humanidade não mais a criação como opção, uma das várias orientações escolhidas por livre-arbítrio (ou seria este um arbítrio de criar liberdade em condições tão precárias?), de um bom futuro para além deste presente que não conseguimos zerar para mudar de fase. Seriamente condenados, seríamos as criaturas do próprio mal. Bilhões de capetas, quem aguentaria este inferno?

Imaginar, muito menos, mesmo Deus, em sua onisciência, usar de sua vontade de onipotência para ter criado seu anjo mais lindo, tentação pura, para cair mais cedo ou mais tarde no submundo das drogas. Por vergonha ou a falta dela, eles não ousam confessar. Esqueça aquela besteira que colocaram como autoria de Einstein para que o texto de internet se tornasse fake news de credibilidade.

As sombras não são ausência de luz. O frio não é ausência de calor. A inércia não é ausência de movimento e por aí vai... Massa sem tempo, correndo apressada para lugar nenhum. Física atemporal e sem-teto acionada, lembre-se muito bem disso: a origem do mal existe por vontade do bem.

“Pode parar por aqui, é o suficiente, você tem tudo.” É o que sempre me dizem alguns desprezíveis que invejam na minha superfície algum paraíso idealizado por tantas mentiras publicitárias. Venenos que compram, diariamente, como alimentos para depois verem em seus corpos a pregação do feio, desprezarem-se. Oferta de necessidades para insatisfação generalizada é tão interessante para os negócios, certo?

Errado. Ou é uma questão de aparência a admiração por ídolos? Ou ter papéis e papéis que certifiquem o quanto estudamos, mesmo que a maioria, sentada em carteiras escolares, saia de lá como entrou, ainda analfabetos funcionais? Ou possuir algum valor que só o dinheiro pode comprar? Nunca aprendem o que é o amor mesmo com autossacrifício de inocentes, pobres crianças, pobres velhos, pobres.

O sonho que sonhei para a gente nunca foi este. Enquanto estiver viva, irei persegui-lo. É o que me mantém viva. Mesmo que você, nem ninguém tenha fé, eu prometo. Isso é apenas o começo. rs


<< Sugestão musical: Kylie Minogue - The One >>




Sugestões musicais alternativas, tipo "B"

Gossip - Move in the Right Direction
https://www.youtube.com/watch?v=12zPU-8bsTE

Grimes - Be a Body
https://www.youtube.com/watch?v=Q713eHNFvuU





Nenhum comentário:

Postar um comentário