segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Cantiga de amor e ódio de um amigo do teatro que é a vida

Ao cair do precipício
no princípio era substantivo próprio
Sem ler que antes disso
o comum de dois é consequência


Se tudo é
uma questão de princípio
É proibido proibir
Nada contra

Ação, reação, palavra, verbo
Menos importa
O chegado sempre chega
Mais ou mas
Como chegar?

sem ar
sem er-rar
sem ir, sir
sem or
sem ora, ora
sem urra, censura

Agir
Quem se faz
encena
Sem fingir
Nem fugir
em cena
Sem marcar bobeira
de “xis” com giz no palco

Diz o juiz do espetáculo
Um bode ou uma ovelha
expiatória
à mercê da intenção
quase cega
quase surda
da velha lá do fundo
da plateia que há em nós

No ato, reato, re-ato
Puta merda! Um rato!
Prego uma peça
pagando para ver
o universo que desconheço
Porque, afinal, Amor
é mera questão de gosto

Carlos, já tá pegando no sono?
Calma, quando você me conheceu
Eu fui seu anjo torto
Não que minhas curvas sejam desalinhadas
Muito pelo contrário
A mão de Deus escrevendo
em meu templo a todo tempo
Sua visão míope de mundo
que quase cegou as sombras
Fez você sentir o azul da tarde
desmanchar as nuvens dos céus
aquecer o espaço em Sol, Lá, em Si
pela tortura da salvação
ao dobrar das asas em pleno voo

Ao cair do precipício
no princípio era substantivo próprio
Sem ler que antes disso
o comum de dois é consequência

Catar-se
Catarse


30 de janeiro de 2018, às 2:59

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