terça-feira, 23 de novembro de 2010

Gosto (uni)versalizado


Gostaria de abrir as verdades atomizantes
Escancaradas dos meus olhos conscientes
Gostaria de ter gostado de você antes...

Antes dos mapas astrais ficarem prontos
De ganhar a sorte por expandir os pontos
De Sol e Lua eclipsarem hits universais juntos

Olhe, que coisa engraçada!
A retrospectiva sendo devorada
Buraco-negro, vida passada

Resta a hipótese de vida
Que depois de passada
Passa a ser apenas uma ida

Certas chances, uma a cada cem, aparecem
Certas de que suas proclamações independem
Do tempo e espaço marcados para acontecerem

A lógica nem vai saber ou entender isso, com razão
A racionalidade positiva não abarca toda a criação
Sensação pressentida, por acaso, pela bela intuição

Sinta a partícula de luz em expansão, (sabo)rosa
Cada dia, um sabor particular de surpresa
A se apreciar com todos os sentidos, poesia

Como gosto de você!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sol na cabeça do poeta


Cômica a visão de certas pessoas. Nada parece simplesmente um Sol na cabeça do poeta. A intérprete Elis Regina evidenciou isso, como se saísse de seu âmago, ao cantar “O trem azul”. Lá pode conter a lembrança brilhante que aquece o coração de quem ama. O dia está nublado? Não importa, astro rei é modo de dizer, sentido figurado.

Enquanto alguns estavam amando a manhã amena, ainda bem que não entraram nas profundas cavernas mentais de Heitor. Praguejando a sorte, querendo a morte, fazendo outras rimas que combinassem com a mania de grandeza de sua dor. Tudo porque um outro poema, até bonito, fora dado de presente a Jamile.

“Mísero papel, por que você não carbonizou minha paixão depois de eu inscrevê-la com carvão em seu dorso branco, depois de tanto whisky?”

Mais um fingimento que não deveria ser levado ao pé da letra. Mas tarde demais para chorar pelas palavras dadas em meio a rosas. Por enviar o poema, Jamile, inspiração poética autodeclarada, desfrutava visibilidade cult numa revista cultural acadêmica. O poeta preferiria cair no anonimato em vez de ver o escrito publicado e os respectivos créditos de autoria levar seu nome.

Quantas mulheres reinvidicariam, por direito, o título de musa? Nem Heitor saberia contabilizar com precisão quantas moças ele presenteou, sem pudor, a mesma cópia da obra maestra. Utilizou seu direito autoral como bem entendeu, afinal, todas elas transmitiram luz à vida do poeta. Quando (se) o dia D surgir, as explicações disso, para Jamile, vão levar muitos sóis.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

1 min. de mim


Irônico. A melhor pessoa para descrever quem eu sou, não sou eu. Discrições à parte, definições são insuficientes para o que eu possa ser/ter/parecer/emanar. Várias facetas e nem todas visíveis. Natural, porque muitas delas são uma surpresa até para mim... rs

A arte é a melhor brincadeira onde harmonizo o que existe em formas, cores, tons, sons, essência. O que não existe, a gente inventa! Se eu fizesse somente o dito útil, eu não veria lucros imateriais e nem ouviria a imaginação ganhando asas. Por isso, não sou de seguir linhas previsíveis. Faço caras, desfaço faces. Sou (im)paciente, dependendo de que forma o hospital esteja em cena. Amo pingentes com simbologias místicas. Ver além do que as coisas parecem ser é fascinante quando um mistério desvendado ainda assim transparecer profundo. O sonho pode ser real quando despertamos da realidade. É questão de percepção e sensibilidade. Sinto-me mais artista para viver.

Através da montagem, de forma fragmentada, surge uma representação de partes de um corpo simbólico. Deva ser o meu, por suposto... E, mesmo assim, em partes.

Eis, então, o meu mais novo vídeo: 1 min. de mim. Qualquer dúvida, ficarei feliz em saber a resposta. =)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quando a água chorou




Por seu estado, a água se molhava
Sem convite, infiltrava no rock’n’roll
Em assuntos insolúveis, se precipitava
Evaporava se laborasse sob o Sol

E o que fez a água gelar?
Quando vinho a ser vinha
Chorou por mudar de lar
Ficou rubra de vergonha.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Gênio genioso


A energia ligada àquela residência
A lâmpada trabalha por resistência
De um gênio que, lá dentro, produz luz
E terceiriza seus três serviços plus

- Desejo é burocratizado
- O permitido tem restrição
Para alegrar a aflição
- O antes bom a ser evitado

Poucos se importam com os danos
Estrias são tatuagens dos anos
Dia ou noite a casa, ao chão, desforma
O gênio pagou as contas da reforma?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Va(l)idade Vencida


– É melhor deixar as coisas como estão... Eu sei, não sou a melhor pessoa para falar sobre isso. Reconheço meus defeitos: compulsiva por sapatos e um pouco antidemocrática quando estou sem paciência. E não, não fale nada, não quero saber sobre sua opinião do que tenho para lhe jogar na cara!

– Mas, chuchu, o que fiz para você ficar assim?

– Fique calado! Você interrompeu minha linha de raciocínio! Ai, onde eu estava? Ah, é! Sabe, o que eu, Estefânia, descobri? Que não dá para conviver com alguém que só tem atenção para si mesmo! Você pensou que eu não sabia do por que começamos isso tudo, essa relação unilateral? Os seus amigos fofoqueiros são duplamente mais meus amigos se o assunto envolve o mal-feito.

Rogério estava sem eira nem beira com a situação que acabara de surgir. Pra onde fugir? A personalidade que é presença nas colunas sociais, sites de evento e afins, o solteirão mais cobiçado do planalto central, como se fez ser reconhecido na mídia brasileira, passando por isso agora. Tudo por culpa de um rabo de saia! A culpa só podia ser de Samara, que era doida para amarrar o coração dele. “Será que aquela coroa fez alguma declaração de amor para mim na TV?”, o protótipo de narciso pensava.

– Começamos nosso relacionamento naquela ilha que de tão linda parecia surreal! Fundo romântico bem produzido do reality show que protagonizei, correto? Apesar de que odiei ter usado aquela blusa verde de super mau gosto no último dia de gravação. Eu parecia um abacate estragado! Sacanagem! Porém, quem mandou assinar aquele compromisso de responsabilidade... E o resultado mais importante para mim foi você ser a vencedora dentre as milhares de inscritas que me disputavam. Só que isso não é novidade para ninguém. O que você sabe que eu não sei? – indagou Rogério.

Os olhos de Estefânia pediam um balde de água fria de tão fumegantes se apresentavam. Sinalizavam como um pisca-pisca: Perigo! Perigo! Momento de pausa: respiração profunda. Assim, ela apagou todo o sentimento de incredulidade e raiva oculta convertendo-o em uma fria paz.

– Pois é, volte ao seu antigo título de mister solteirão do pedaço. Estou farta de ter aguentando tanto tempo o seu ego ocupando todo o espaço da relação. Você ama demais a si mesmo para dividir esse amor com outro alguém. Um jogo promocional de sua imagem decadente foi esse programa da “Walt Disney” que participamos. Eu não sei se você sabe, mas antes de você, sou mais eu.

Estefânia desligou o telefonema. Rogério ficou do outro lado da linha refletindo onde seu sex appeal bambeou para não ter conquistado aquela mulher. E a cláusula do contrato mostraria que já havia sido cumprida a data mínima de união prevista para a vitoriosa poder receber o cachê restante do game show.