segunda-feira, 26 de julho de 2010

Peças e espaços de um quebra-cabeça

Ver o que sou é imaginar o que eu seja
A aparência do ser consiste em ver
O invisível não se imagina
Eu estou dando o meu melhor para ser Eu
E quero que você seja você
Assim, podemos ser nós

Qual história vamos montar juntos?

Ser em potência é o que venho construindo
Encaixar peças pode ser tão confuso
Dentro de mim, completo
Por não sentir falta de algo
Os espaços existem
Para sentir falta de alguém

Juntos, vamos montar qual história?

Em todos os mosaicos de gente, capturei perfumes
Que se condensam no meu corpo
A saudade vem da essência que me escapa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

De olho no lance

Um bar. Muitos homens. Um tanto considerável de mulheres. Quem estava lá naquela noite? Quem poderia ser? Chapolin Colorado? Na verdade, um torcedor do Vila Nova que o era desde os 11 anos, quando quis demarcar sua própria personalidade e estilo. O pai, paulista, torcia para o Palmeiras. Matias nasceu em Goiânia, escolher o Goiás como time poderia soar como influência paternal. Pai e filho com a mesma cor de camisetas de torcida... O vermelho mesclado com branco realmente foi um dos fatores mais decisivos para ser torcedor do colorado goiano.

Adrenalina, um dos hormônios mais frequentes no sangue de Matias. “O Vila é para os fortes”, ele dizia. Torcer era fogo. Altos e baixos no rendimento dos jogos, pura emoção no bonde da torcida do tigrão. Nadava, nadava, quer dizer, corria, corria, e ficava na segundona.

Nada de frustração! Esse era o lema. Porque só quem era torcedor do Vila para saber a raça da torcida. Matias não entrava nas jogadas ensaiadas de torcida organizada, não queria visualizar com os próprios olhos problemas com spray de pimenta e derivados nada pacíficos. O vilanovense estava mais a fim de escolher as musas do goianão, porque é sempre importante averiguar o nível de qualidade das torcedoras.

A noite estava para gatas. E, se tratando em matéria de azaração, Matias era craque, tirava de letra, matava no peito, fazia golaço. Todo o esquema tático preparado. Quatro mulheres em uma mesa versus dois amigos em outra, duas versus dois, duas versus um, estava analisando qual a melhor opção.

Pouco tempo depois da análise de campo já foi o suficiente para perceber que uma tigresa estava pronta para o jogo da sedução. Quando a moça percebeu o olhar dele para ela, brindou com o copo cheio de cerveja e sorriu o sorriso mais insinuante do mundo, tipo mulher gato total power. Com a bola toda, a mulher convidou-o para a mesa dela e, como dar bobeira ia abrir a zaga para a concorrência, Matias foi confiante para o ataque.

Dez minutos. Conversas convencionais, nada que precisasse de muitas palavras, era só mais um aquecimento. Estava criada toda a expectativa, toda a tensão. “Quando ele vai me beijar?”, Brenda pensava. E neste pequeno deslize, pela pequena distração, a bela vilanovense foi surpreendida. Com atenção total, Matias não perdeu nenhum lance da partida, o Vila acabava de sofrer o primeiro gol do primeiro tempo. E só os dois felinos, com uma troca de beijos quente, tinham algo para se manterem esperançosos após o final do jogo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ao encontro do outro

Ao espelho confessava, de frente, o seu rosto para o olhar. Tinha acabado de acordar e, mesmo assim, se sentia muito bela. Coisa rara. Nem sempre de bom humor para o Sol que ainda haveria de vir. Queria sempre mais um tempo na cama, terminar os sonhos nonsenses que tinha e nem sempre retinha na memória.

Alma de segredos e uma mulher. Livros do volume I ao X. O final voltava ao início. Ouroboros inscrito na existência humana. A compreensão do sensível retirava a carne das lágrimas.

Acordou e só podia ver, naquele instante, sua face. Hoje, com os conceitos. Amanhã, sem saber quem seria. Os limites em teste para alcançar as possibilidades de ser. Já não era mais ego, estava além.

Acabou o dia. Permitiu-se a noite. Seduziu um homem. Pura vontade de instintos. Para ele, um quadro de enigmas. Deixava-se levar pela doce aventura. Fugia ao seu controle qualquer resistência. Ela, esfinge que agora se lembrava do bem insuspeito nos seus olhos de lascívia.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Partida

Era isso mesmo que o senhor estava comunicando? Este momento de transição foi suficiente duradouro para poder lhe dizer mais uma vez que te amo, papai.


Sentirei falta dos abraços afetuosos, das nossas conversas... Tive o melhor mestre que um filho poderia querer.


Vou sentir saudades de uma das mais belas poesias que se realizavam na sua presença. Era quando eu chamava-o de papai.

sábado, 3 de julho de 2010

Mr. Mojo Risin


27 anos
Todos os corredores
Alcançaram a marca
Jimi
Janis
Jones
E você
Jim

Na capital das luzes
Jim buscou o descanso
Escrever aquele livro
Que não sabia o final

Nos confins da noite
A banheira banhou
O seu corpo
Não com água
Mas com o holofote
Da morte

Morrison, tudo em você foi over
Meio-termo?
Não era o seu caminho do meio
Eram os extremos
Onde estava a sua liberdade
A experimentação da vida
A overdose dos sentidos

Uma estrela que nunca perde o brilho
Mr. Mojo Risin surgindo...
Porque o azul do céu é infinito blues.


Jim Morrison
* 08/12/1942

+ 03/07/1971