segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Mais alho e cebola no bife, por favor


Quem renega o Pai, por Ele será renegado. E, antes de nascer, a má criação originária de um pecado entre um copulador desprezível com uma interesseira apaixonada depois de todas as desculpas esfarrapadas regadas à bebida para gratuidades perigosas que não são de graça. Prazer, mundo, sou eu!

É engraçado perceber que fui adotada logo por um sacerdote de alguma dessas antigas ordens em curso desde antes o cristianismo. Literalmente. O que será que ele interpretou no código inscrito em minha existência? Por que, ao contrário dos filhos sanguíneos mais velhos registrados, eu fui reconhecida mais que legítima, a filha amada? E por que carrego mais sobrenomes dele que meu irmão mais novo? Se ele entende de numerologia, ele sabe muito bem o que re-programou... Mas foi para isto mesmo que nasci: grazie mille, Papa!

Enquanto, do outro lado da família, um irmão é apresentador de TV e tornou-se o bispo mais jovem de sua congregação e outro estuda para ser pastor, eu, entre séculos depois de Cristo, apenas quero reescrever esta história demasiada inumana. O que se poderia esperar na Era de Aquário?

Aos 7 anos, a manifestação falha de uma das letras na linha genética, uma herança paterna que deixou meu sangue doce e só eu herdei de todos os netos de uma mulher que nem sei o nome. Acho que é Maria também. Aos 17, a revelação de que existe mais um Pai para mim para, assim, acontecer o choque entre dois polos e alterar toda minha noção psíquica e emocional de realidade, Big Bang. O mais profundo azul dilacerado por um vermelho infernal, a coroação deste violento violeta tão aclamado por espíritas de todas as espécies, tempos e espaços. Aos 27, não a cura, mas a declaração da não existência de enfermidade. Milagre?

Agora compreendo porque, perto dos 30, debutantes creem que ainda sou mais nova que elas. Ou porque no espelho só eu sei enxergar meu verdadeiro reflexo, imagem que parece ser uma distorção perfeita e natural aos olhos de quem vive de photoshop, plásticas e pinturas no rosto. Tava na cara que, uma hora ou outra, a verdade seria desmascarada. E, por isso, meus olhos mudam de cor em profunda escuridão... Já tinha sido alertada pelo mais cruel monstro sobre este aspecto... O gosto pela água em vinho... E todo esse sangue nas mãos...

Os mesmos jogos viciados de sempre, troca de interesses desinteressantes, parecer o que não é, arte pela arte, aparecer por aparecer, títulos sem nobreza, inflações e estouros de ego, individualismo exacerbado, vaidades supérfluas, sinceras traições, teatro de bons modos, flores artificiais, boa forma sem conteúdo, networking de contatos superficiais, drinks para esvaziar ainda mais o vazio, ter mais para menos ser, o paraíso prometido para os bons perversos arrependidos, amor sem amor, felicidade comprada. Dessa eternidade deformada, atingida por 3 balas de prata em meu coração, com água benta jogada em minha cama, fora a constante ostentação de crucifixos por inquisidores, continuo por aqui, com fervorosa fé, esperando por aquele que será capaz de me fazer companhia para ver o nascer do Sol pela primeira vez...

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