terça-feira, 30 de março de 2010

O bem sempre triunfa mesmo no final?*

Nos debates da sociedade, o caso Nardoni gerou intensa expectativa. O público, que acompanhou o desenrolar dos fatos até o fim, comemorou a sentença de prisão do casal.

A vida de Isabella foi brutalmente interrompida, mas, com a punição dos réus, muitos diziam que “a justiça foi feita”. Assim, propagou-se a crença de que o bem acabou vencendo o mal.

Porém, mesmo com o julgamento dado por encerrado, a indignação ainda paira no ar. Por mais que o sistema judiciário, nesse caso, mostrou-se eficiente, a morte da criança é um mal que nunca será apagado na vida daqueles que a amaram.

Enquanto isso, diariamente, existem muitos outros casos à espera de solução. Várias crianças e adolescentes são condenados a morrer de fome, à prostituição, não aprendem os valores de uma educação de qualidade, convivem com a violência, mendigam por um troco para sobreviver à vida marginalizada.

Então, que atitudes éticas nós tomamos para que essa situação não continue? O que temos a declarar? Ou o silêncio da omissão vai responder por nós e triunfar?


*Texto publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 12 de abril de 2010.

Um comentário:

  1. É engraçado. A população coloca a punição como a vitória do bem em relação ao mal. Ocorre que uma vida foi ceifada, uma família destruída. A punição torna-se exemplo, algo que objetiva impedir que isto aconteça novamente. Mas, e a sociedade, é ética por punir um só caso.
    Marielle, excelente abordagem, parabéns!

    ResponderExcluir