quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Relógio de parede

- Você me entende?

Se a amiga balançasse afirmativamente a cabeça para demonstrar que tinha entendido a história de Camila, seria mais um esboço vazio de compreensão. Mas, se demonstrasse o contrário, os sentimentos poderiam ser feridos. Entre o sim e o não, Amanda preferiu o “mas é lógico!”.

Camila dizia que estava amando. Mais uma vez? Se ela tivesse descrito de forma muito minuciosa, falando detalhe por detalhe de cada característica do novo boy, Amanda mudaria de canal, porque Lagoa Azul pela enésima vez não dava.

- Pois é, que da hora, boa sorte então!

Disse Amanda à recém-apaixonada. De um desejo de felicidade para um olhar desconcertante. Camila abaixou a cabeça, olhou para um lado. O relógio marcava 4 e 25 da tarde. Horas exatas para um momento impreciso.

- Vai com tudo, linda, é só não ter medo! Se tudo der errado, bem... Se tudo der certo, amém!

Para Amanda, amar era uma questão de coragem, sem ter medo de ser feliz. Uma teoria, aliás, que ela mesma não botava em prática. Porém, como estava mesmo fora da situação, seus palpites pareciam adequados.


O celular de Camila tocou. Esperava que fosse seu amado Tiago na linha, mas era só mais uma mensagem de cobrança da Oi. Nem tinha como ser diferente. Ela nem sequer estava adicionada no perfil de Facebook de Tiago. Só que o temor antecipado era tanto que causava sofrimento a Camila antes mesmo de alguma coisa acontecer.

2 comentários:

  1. "Nunca devemos nos esquecer de que o futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não-nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desesperamos como se não estivese por vir jamais."

    Epicuro

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  2. Olhando os blogs alheios achei o seu...E achei esse texto interessante, tão real e tão fictício ao mesmo tempo... =)

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