segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Fogo para seu cigarro


- Mari, posso mesmo dormir na sua casa?
- Lógico. É o mínimo, amiga, que posso fazer por você!

Ela acabou revelando que não tinha sido assaltada. E dentre suas meias-verdades tentava me convencer de sua posição de “vítima” ao marcar um encontro com dois rapazes no mesmo horário e local. Por atraso do plano B, chamou o plano A que trabalhava por ali perto. Quando os planos se encontraram, a moça de profundidade de um pires rodou. Só, então, botei fé que tinha deixado entrar, por tanto tempo, uma vampira no meu sagrado lar.

Respirei fundo uma, duas, várias vezes. Só fiquei em paz de espírito ao olhar dentro dos olhos dela e dizer, refletindo as palavras o mesmo número de vezes que respirei o oxigênio que me faltava ao me deparar com o esgoto: “Merda! Você fica cobrando “empatia” das pessoas no Face para agir assim, sem coerência? Se coloque no lugar desses caras! Se fosse com você, estaria chorando, fazendo textão, jogando o nome deles no lixo. Não tem justificativa o que você fez. Vagabunda!”.

Diante o cinismo, gastar o latim da oração para exorcismo é tão desgastante quanto o japonês para tratamentos de purificação. Fiz o que tinha que ser feito. No banco espiritual, o investimento é certo e uma vida pode ser insuficiente para o pagamento das pendências acumuladas. A noite acabou cedo.

Já despertas, agradeci pela drenagem de energia excessiva que tenho devido o sangue naturalmente doce. Como se eu tivesse que rogar desculpas pelas suas culpas, ela não me perdoa ainda pela estaca no coração em plena luz do meio-dia. É fogo! Quanto mais lenha joga, mais continua a se queimar e sujar por dentro as cinzas...


Sugestão musical de hoje: My Chemical Romance - Burn Bright
https://www.youtube.com/watch?v=k1RiHRxY8ks
                                                                       

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