quinta-feira, 19 de março de 2015

O sábio sentado


      Nestes ônibus em que a passagem aumenta e a qualidade diminui, conheci um senhorzinho com seus 73 anos de pura simpatia. Contando seus causos simples e com um humor invejável, ele me falou sobre sua mulher que, mesmo depois de 42 anos de casados, o faz se sentir com 18.
      No meio da prosa, a pergunta: “É casada?”. Resposta: “Não”. Ele me fez outro questionamento: “Tem mais de 20 anos?”. “Vish, tenho demais”, e ri. Em um tom enfático, quase profético, o senhorzinho completou: “Filha, passou a idade de você escolher seu marido, agora tem que achar quem te quer...” 
      Os passageiros em volta observavam a presença de um sorriso constrangido. O prazo de validade para festejar com pompa minha escolha amorosa tinha se esgotado na visão daquele senhor, pensei. “Isso é o que pessoas de espírito velho dizem. Mas, na verdade, independentemente do tempo, quando você descobrir o verdadeiro amor em alguém, e seu amado descobrir o verdadeiro amor em você, o momento certo surge sem pressa.” 
      Naquele exato momento, peguei minha pesada bolsa, desci no meu ponto de chegada. Era hora de partir.

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