sexta-feira, 6 de março de 2015

Boy magia


- Fechou, então, vamos para a Music sábado, às 11 da noite!

Eu acabava de fechar um contrato com minha melhor amiga para irmos juntas a um inferninho badalado daqui da cidade. As músicas não seriam do seu agrado, mas a possibilidade de dançar qualquer coisa que desse gancho para atrair um macho se tornava bem agradável de cogitar. Perdoe-me, leitor, o linguajar chucro, é que a seca estava demais. Minha boca necessitava sentir o toque de outra boca, apreciar com todos os sentidos um pedaço de mau caminho. Se não rolasse o plano A, as carências seriam momentaneamente esquecidas com goles de catuaba.

E lá estavam as guerreiras na fila. A chuva começava a pintar na noite estrelada para estragar as chapinhas da mulherada, inclusive a minha. “Deixe-me entrar logo, caralho!”, eu pensava com um pouquinho de impaciência. Observava as pessoas do lado de fora da fila. Já desconfiava que tinha se metido numa roubada. Muito mais mulher do que homem.

Quando entrou, as coisas ficaram ainda piores. Era uma boate predominantemente gay. Estava muito fácil para mim entrar no ritmo de “I kissed a girl”, mas isso não me faria sentir com o “Light my fire” saciado, se é que me entende. Aí, resolvi beber aquela gelada Stella sem mais delongas. Dancei os funks da vida. Tá no inferno, abraça logo o capeta.

- Desculpe, pisei no seu pé!

Nem tinha visto quem eu atingi com a pisada ao dançar loucamente Shakira: "Rabiosa", era o nome da danada da música. E quando eu desculpava, ao mesmo tempo em que me virava para ver quem eu tinha machucado sem intenção, dei de cara com um rapaz moreno, lindo, alto, simpático e que sorriso era aquele? De fato, era um boy magia!

- Tá tudo bem. Você é hétero, linda?
- Sim, sou! E você?
- Eu também.

E minha sorte mudou de Stella para Johnnie! Isso era tudo que precisávamos saber para seguir a natureza de nossos instintos.

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