segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Visão de curto alcance


Tanto menos se sabe, tanto maior é o sofrimento.
Dostoiévski

Alguns desenvolvem de maneira quase inata o necessário para estar no hall da fama. O grande lance de ganhar visibilidade. Receber sobre si o olhar da maioria, mostrando as raízes do divertimento humano. Então, o palco para os freak shows e afins está armado. Tem que ter criatividade, pois a plateia se entendia fácil, fácil.

Para se ter ideia, hoje em dia, aparecer com melancia na cabeça é coisa ultrapassada. Os glúteos em forma de melancia é que é chamar a atenção. Difícil é lembrar o nome da garota prodígio disso. São questões sem questionamentos.

Neste panorama, surge outra resposta que não tem pergunta. Sem dúvidas, ser reconhecido por uma grande massa de desconhecidos se fazia o desejo mais íntimo de Leônidas. Ele nunca conseguiu seus 15 minutos de fama. Quem seria o louco de ceder espaço na mídia para um personagem tão sem graça?

“Hoje, vamos contar a incrível história do rapaz que, aos 30 anos, teve que cuidar sozinho, pela primeira vez, da casa na qual reside com os pais. E o pior, a viagem do casal para Fernando de Noronha durou cerca de quase uma semana. Muito tempo de solidão para o nosso bravo guerreiro da modernidade!”

Diante do evento que acabamos de exemplificar, como diria uma personalidade de repercussão paranormal: Esso non ecziste! Uma narrativa dessas, ao passar em qualquer veículo mediador dos interesses ditados pelo público, é o mesmo que pedir para queimar dinheiro.

Leônidas, o desconhecido, não compreendia a existência dele próprio, mas, se tivesse o status de famoso, acreditava que, num passe de mágica, a felicidade surgiria à vida monótona que tinha. Outra coisa que ele não compreendia era o processo para a formação de um símbolo idolatrado. Colocava a culpa no destino, na sorte. Se o Boninho não queria que ele fosse o próximo brother do BBB, o jeito era se conformar com a impiedosa seleção natural das celebridades. Quem enxerga limitado não pode ir além das barreiras, fazer o quê.

4 comentários:

  1. o.o

    ficou bom o texto, bem voltado aos acontecimentos atuais, mas há mais acontecendo e acredito que seja natural do ser humano querer ser notado... mesmo sem ter uma habilidade util sequer

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  2. Adorei a imagem do Mico de Oculos, ficou bem realista, uma forma de citar a imagem, sem necessitar de maiores interpretaçoes. A cronica esta otima, aborda questoes de nossa complicada sociedade, onde ser famoso esta valendo qualquer preço... Frutas, carnes e afins, famosos, apelidados de forma ilogica, mas a questao mais importante, qual o verdadeiro nome de tais pseudo-celebridades?! Só veem para frente, não voltam ao redor para saber o que os cerca. Visão de cabestro, Cavalos,burros e afins. Visao limitada.


    Meus parabens, querida Namorada
    esta otimo
    Cada vez melhor.
    Bjao
    Te AMo

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  3. Marielle, são inquestionáveis os devaneios do ser contemporaneo em busca da fama. Retratou isso de forma concisa e clara. Cada vez melhor estao seus textos. Ai!! Também odeio essa limitaçao, essa curta percepção das pessoas!!

    Ah, agora tô seguindo seu blog - cada vez melhor, por assim dizer. Acabou a exclusividade de sua mama, rsrsrs.
    Saudades, miga.
    Bjim!!

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  4. Adorei o texto, bravooo! Tenho inveja dos heróis do passado, essas celebridades de hoje não contribuem em quase nada para o bem da humanidade rsrs
    Mas ainda existe um remanescente, se agente procurar direitinho.
    Como gosto de gente inteligente, vc ganhou uma seguidora nova e obrigada pelo comentário no meu.

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