segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Certezas universais


Filmei um buraco negro no vácuo do meu jardim secreto. Resultado da soma das emoções negativas mal processadas e armazenadas. Professor Nitinho já dizia que só os tolos são convictos, portanto, destruí meu recipiente de verdades convictas e invictas. Esvaziei-me delas por estarem grandes demais nas minhas sensibilidades e apertando-me a razão.

Bomba atômica para certezas que me erravam por dentro, certas sensibilidades foram desintegralizadas como efeito colateral. Os neurônios espelhos, responsáveis por refletir o sentir do outro, refletiam nada além do meu sofrimento no outro. Crenças mortas, sensações mortais, morrer assim dói demais. Reconstruir novas bases para a existência do ego fez surgir um novo Eu idílico. Desconstruir-se é hiroshimástico e nagazakastivo. Uma detonação dos nossos sonhos por alguém que amamos muito. E eu me amo muito, mas sofri os próprios pensamentos.

Cada nova neuroquímica construiu uma nova forma de usar a razão e a emoção, reformando a física cerebral. Transformei-me. Sofri uma boa, verdadeira e bela transformação. Caminhei em um só tempo três dimensões das janelas abertas à cognição sensível dos budas. Depois dos cacos, depois do caos, a bondade, a verdade e a beleza se expandiram demais para permanecerem na antiga forma. As três molduras que recortavam cada uma um pedaço do mesmo quadro perderam os próprios limites que os delimitavam em três perspectivas diferentes. A trilogia tornou-se antologia. Os três poderes se uniram em união. A divina trindade se consubstanciou em unidade. O trigo se transubstanciou em pão integral. O vinho trivial se viabilizou em milagre de sentido único que se vive somente uma vez.

Sou consciente disso. Eu te disse. Sou consciência disso tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário