sexta-feira, 12 de abril de 2013

Meu corpo, sentido


Falar do que meu ser vê quanto se está dentro de uma matéria, meu corpo. Dentre os 5 sentidos sensoriais, sou todos os olhos. E asseguro o foco desde os primórdios para este sentido, a visão. Entre meus 2 ou 3 anos, de acordo relato testemunhal do meu pai, eu arrastava uma cadeira da sala de jantar, levava para a sala de estar, subia nela para acessar os botões acoplados na própria TV e escolhia algum canal de desenho animado.
Não creio que hoje em dia somos instruídos somente a ver, era da imagem. A questão é que as tecnologias evoluíram muito e de forma mais rápida que a sociedade mundial, em geral, poderia prever. E o aparato imagético foi um dos que mais sofreu impacto. Por exemplo, antes se tirava fotos com câmeras analógicas, com processos de revelação demorados e complicados, hoje tudo ficou mais prático com a digitalização das imagens. Não teria como meu corpo, que desde cedo ficou muito suscetível a adaptar às novas tecnologias, ficar de fora ao apelo visual.
Desde pequena me interesso em ver a multiplicidade de ideias das pessoas, suas crenças, ideologias, ciências e artes, para enxergar quão fundo são suas razões e emoções expressas no mundo e os possíveis impactos de suas ações e pensamentos perante a sociedade. Diante delas eu agi como mera expectadora adolescente, que muitas vezes se comovia, não com os fatos simplesmente, mas com as histórias pessoais de cada um, e que queria contribuir, de alguma forma, através da informação que porventura eu tivesse acesso e divulgar para todos. Para isso, tive que aumentar o grau de visão, de percepção de mundo. Decidi fazer o curso de Comunicação Social, Jornalismo.
Quando entrei na faculdade, minha visão se alterou. E por causa de professores que fizeram e ainda fazem a diferença no meu curso, comecei a olhar a imparcialidade com outros olhos. A imparcialidade, pelo jeito, nunca existiu. Mas quem quiser ser um mero robô programado a analisar friamente os dados e os processar em texto, que seja. Mas eu nego essa postura que alienaria minha visão do próprio corpo que a produz. Não consigo e não quero fazer do meu olhar subjetivo em pura objetividade jornalística.
Por eu propor essa tarefa a mim, olhar as pessoas sem máscaras, descobrindo suas verdades e expor tudo isso ao mundo, é que eu acabo tendo uma visão que anda entre extremos e tangentes. Vejo o melhor e o pior que cada ser humano pode ser ou chegar a ser. Sem mais ingenuidade no meu olhar, resta sempre a esperança. E para que eu sobreviva a esse campo profissional, que sou consciente dos prós e dos contras, aprendo a me adaptar. 
Meu corpo realmente é voltado para a visão. Por isso, saboreio o conhecimento. Para respirar o aroma de novos sabores, gosto de me alimentar com tudo o que possa ser exótico, de qualidade. Escutar aquilo que vista minha personalidade. Em todos e por todos os sentidos, sentir amor e paz. Saborear artes reveladoras do ser humano e também do meu ser. Sentir o convívio de pessoas sábias. Pessoas bobas que chegam a ser inteligentes e surpreendentes de tão sinceras suas palavras. Mas odeio as medianas, devido à previsibilidade de dar tédio. E gosto de falar com algum propósito e expressar visões, que colhi com o tempo, e que por causa do tempo se tornaram minha visão também. Pelo meu Eu é assim que é meu corpo sentido.

"Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você."
(Legião Urbana - Quase sem querer)

http://www.youtube.com/watch?v=LFsvaEB6hi4

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