segunda-feira, 9 de maio de 2016

O que sinto não é da sua conta


Algo guardado no meu peito foi roubado. Está um vazio. Estranho. Era algo tão valioso, lindo e caro o que eu tinha para presenteá-lo. Estava lá o tempo todo, mas, puft!, agora não está mais aqui. Você me deu tantas raridades de forma gratuita, só queria ser recíproca. A dívida acabou, mesmo eu possuindo, agora, toda a riqueza semântica. Eu, realmente, queria te pagar por tudo o que você me fez. Poesia por poesia. Mas a atual condição abusiva e exploratória de pagamento me deu o direito de não sentir mais nada por você. Nada sinto, nada oferto. Devo muito a você, só que os créditos estão todos contigo. Eu, mesmo nada lucrando com isso, confesso que ainda gostaria de ter aquilo guardado no peito. Depositei tantas expectativas. Só que, no jogo dos pesos, as medidas não são mais as mesmas. Outras cotações, outros valores. Se não tenho mais aquilo que me foi retirado, todo o peso dos metais preciosos não ditos saíram da minha boca. Sem mais nenhum arrependimento, descanso em paz. Comprei a salvação às custas da minha própria vida. Melhor investimento que poderia ter feito. A sustentabilidade dessa conta toda é a leveza da alma. Com o espírito livre, vivo sem economias.

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