Como um bom artista, Reinaldo sabia
conquistar pelas palavras bem articuladas as cores e o fulgor que lhe faltavam.
Extraordinariamente se caracterizava com as mais lindas adjetivações. Deixava
elegantemente nas linhas e entrelinhas o que normalmente passaria despercebido
por suas performances do dia a dia. Ele exibia seus dotes como se fosse o
melhor, o especial, o único. Modéstia não era seu forte. Intimamente sabia que
o porte para todos aqueles atributos que enaltecia em si não designavam tão bem
a realidade. Na verdade, o que reluzia estava mais para chumbo do que para
ouro. Dava pouco a mínima.
Então, para atrair suas futuras conquistas
amorosas tinha que parecer interessante. Senão como elas o notariam? As
mulheres não ligariam simplesmente pelo seu jeito nu e cru de ser, ele pensava.
Tinha que instigá-las a crer que diante delas se materializava o rapaz que
sempre desejaram, sempre sonharam. E para cada uma das moças que ele se
interessava, Reinaldo arquitetava uma persona de acordo com as idealizações
gerais sondadas das mesmas.
E para Ruth bancou o
experiente e resolvido. Ela não estava em suas mãos. E para Reinaldo bancou a
difícil e misteriosa. Ele não estava em suas mãos. Dois oponentes que não
demonstravam suas fraquezas por medo de perder o que não tinham. A máscara de
Reinaldo não caiu no chão. A maquiagem de Ruth não derreteu. E ambos quebraram
a cara. Nunca andaram de mãos dadas.
Que crônica legal!
ResponderExcluirBelo desenho do confronto de egos.
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