quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Crônica de um andróide do sistema

O tempo me cobra o dinheiro que não produzi
É hora de trabalhar!
Produzir bens para o bem do meu patrão

Tenho que correr para me libertar
As asas já foram desconectadas para eu ficar no chão
A realidade perdura… e é dura demais para bater com os punhos
Já perdi o ônibus!

O jornal não informa qual é a minha atual situação
Quer me manter feliz com fotos de garotas seminuas
Com horóscopo, futebol, violência brutal da cidade,
Resumo de novelas da vida burguesa que nunca vou ter

Meu professor do ginásio dizia para a gente ler livros
Era para gente ficar inteligente se fizesse isso
Mas como ler se eu nem sei interpretar os códigos?
São páginas demais e eu tenho que trabalhar!

Quem é último perdeu a oportunidade de ri
Por isso invento piadas ao ver as vidas de outros na TV
Tão cheias de verdade como os discursos políticos

Meu pai uma vez me disse:
Quem tem consciência, tem mais responsabilidade
Se eu sou um duro que não pode nem comprar dignidade
Sobrevivo nem sei como
A responsabilidade que tenho é manter a engrenagem do sistema
Como posso ter sabedoria para acabar com algo que mantém
viva a minha miserável vida?
E agora, quem poderá me defender?

O que é ser um ser humano?
Pois não sou um há muito tempo…

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