segunda-feira, 7 de março de 2011

A importância da arte primitiva


A arte primitiva, para muitos no meio intelectualizado, se mostra importante, sobretudo, como produto da História. Um poema me mostrou além desses limites conceituais. No âmago das minhas sensações, onde eu morria de rir por escrever, percebi que os leitores também riram do que escrevi em versos. A minha sensação foi entendida e sentida, subjetivamente, por muitos leitores. Isso foi muito mágico, catártico, para não dizer, transcendental. É tanta coisa para poder fazer referência e inferência, tendo, portanto, que rever mais fortemente meus conceitos, não só no sociologicamente aplicado na sociedade; mas, também, na arte, aceitando, de fato, a diversidade das culturas, sem etnocentrismo e com criticidade.

Apreciar o primitivo é feito, ainda, nos nossos dias modernos/ pós-modernos/ contemporâneos: já vi muitas mulheres comprando brincos de penas coloridas; colares de sementes; adornos de ouro; jovens usando alargadores como os nativos brasileiros faziam/fazem; homens com cabelos grandes; raves; chás medicinais que os pajés já conheciam os efeitos terapêuticos...

Eu sou fascinada por Sociologia da Arte e tenho que citar o pensamento de Marx e Engels, mesmo que, claramente, como afirmam outros teóricos, isso fuja ao materialismo histórico:

“Um homem não se pode tornar de novo criança, a menos que se revele infantil. Mas não aprecia os modos despretensiosos da criança e não deverá esforçar-se por reproduzir a verdade delas num plano mais elevado? Porventura o caráter de cada época não é revivido perfeitamente em conformidade com a natureza na natureza da criança? Por que razão a infância social da humanidade, quando obteve o seu mais belo desenvolvimento, não exercerá um encantamento eterno como uma idade que jamais voltará? Há crianças mal criadas e crianças precoces. Muitas nações antigas pertencem a esta última classe. Os gregos eram crianças normais. O atrativo que a sua arte apresenta para nós não conflita com o caráter primitivo da ordem social de que brotara. É antes o produto desta e devido ao fato de que as condições sociais imaturas sob as quais a arte surgiu e sob as únicas em que poderia aparecer nunca se poderiam repetir” (Marx; Engels, 1986, p. 54; apud, Viana, 2007, p. 21).

Portanto, a arte primitiva, na vida adulta, deve surgir como material artístico, pois, só assim, a infância será compreendida como um plano mais elevado na visão da produção do capital cultural, social e econômico. Ou seja, para uma sociedade em que as normas e os valores circulam o objetivo capitalista, o infantil é lucrativo enquanto Arte.


Referência:

VIANA, Nildo. A Esfera Artística: Marx, Weber, Bordieu e a Sociologia da Arte. Zouk, Porto Porto Alegre, 2007.

4 comentários:

  1. Sente uma breve retrospectiva de seus trabalhos anteriores... O que seria esse primitivo? brincos de penas,chás alucinogénos (terapêuticos) utilizados por BURG... da esfera cultural. O apreciar do som primitivo em seu mais puro sentir é emocionante e contagiante, um mundo a explorar em sentidos livres (livres de substâncias.

    Há uma sensação de que não existem mais crianças compativeis com sua idade, "tenho 45 anos e apresento programa infantil..." "Tenho 7 anos e apresento programas para adultos..." Uma inversão de papeis, crianças sendo transformadas em adultos, pessoas que se dizem "artitas" fazendo papeis de crianças bobas... Valores socioeconómicos fortemente encrostrada da suposta cultura artistica. Crianças são crianças, não podendo ser tirado sua inocência...



    Amor, belo trabalho. Meus parabens, continuas sempre criativa e inteligente...

    Desculpa pelo tamanho deste comentario.


    Amo-te Minha Musa.

    Bjaaoooo

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  2. Amor, seu comentário foi elementar e complementar!

    Obrigada!

    Beijos meu lindo, inteligente e sensível namorado!

    Amo você!

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  3. se formos pensar um pouco, a gente passa a comparar as coisas. parece que tudo que é mais simples é belo, e pra quem não tem medo, e não conhece as coisas, existe a fantasia e a vontade de conhecer e criar. As crianças são ingênuas e despreocupadas com o mundo, com as contas, com o passado (elas não tem!) enfim, eu escrevi um texto um dia, e parei na metade. chama-se "Que nome dar a uma coisa insignificante?"
    Quis mostrar a idéia do belo, sobre comparações. pois tudo que é desconhecido é "uma coisa" não identificada. Ela só terá um nome, se alguém a dar. E quanto a beleza, o valor, isso a gente mesmo criou. Os seres humanos.

    Um dia me disseram que Adélia Prado escreve poemas tão simplórios, que não entendem como ela é uma escritora "consagrada"; eu já penso diferente. Não achei nenhum artista tão espirituoso quanto ela. Não sei bem se você irá me entender.

    Mas muitas pessoas sentem angústia de viver nesse mundo aqui, onde vivemos a guerra do capital, onde precisamos nos mostrar mais fortes que os outros para podermos ser valorizados, isso não é amor, é egoísmo. O mundo nos ensina a ser assim.

    Pra não ficar tão confuso, O valor das coisas somos nós quem damos.

    beijo no rosto moça inteligente

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  4. Apreciada sua percepção do texto, Creito. Gostei do seu olhar sobre a temática! Agora extendo mais o comentário, com uma reflexão: existem Artes que agregam os valores dionisíacos e apolíneos em um só mote.

    Acho que Adélia Prado tem mais espírito que rebuscamento (tolamente tido por intelectualizado) nos poemas por ela escrito.

    E creio que poucos gregos e outros povos, por exemplo, os egípcios, conseguiram unir a perfeição intelectualizada com o espírito proveniente das sensações do coração.

    Abraços.

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