sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sol na cabeça do poeta


Cômica a visão de certas pessoas. Nada parece simplesmente um Sol na cabeça do poeta. A intérprete Elis Regina evidenciou isso, como se saísse de seu âmago, ao cantar “O trem azul”. Lá pode conter a lembrança brilhante que aquece o coração de quem ama. O dia está nublado? Não importa, astro rei é modo de dizer, sentido figurado.

Enquanto alguns estavam amando a manhã amena, ainda bem que não entraram nas profundas cavernas mentais de Heitor. Praguejando a sorte, querendo a morte, fazendo outras rimas que combinassem com a mania de grandeza de sua dor. Tudo porque um outro poema, até bonito, fora dado de presente a Jamile.

“Mísero papel, por que você não carbonizou minha paixão depois de eu inscrevê-la com carvão em seu dorso branco, depois de tanto whisky?”

Mais um fingimento que não deveria ser levado ao pé da letra. Mas tarde demais para chorar pelas palavras dadas em meio a rosas. Por enviar o poema, Jamile, inspiração poética autodeclarada, desfrutava visibilidade cult numa revista cultural acadêmica. O poeta preferiria cair no anonimato em vez de ver o escrito publicado e os respectivos créditos de autoria levar seu nome.

Quantas mulheres reinvidicariam, por direito, o título de musa? Nem Heitor saberia contabilizar com precisão quantas moças ele presenteou, sem pudor, a mesma cópia da obra maestra. Utilizou seu direito autoral como bem entendeu, afinal, todas elas transmitiram luz à vida do poeta. Quando (se) o dia D surgir, as explicações disso, para Jamile, vão levar muitos sóis.

2 comentários:

  1. Um belo trabalho!
    Tão interessante, rimas fortes e poeticas, historia contada e cantada!!
    Sempre mostrando a versatilidade de uma criativa escritora!

    Meus parabens AMOR
    esta um otimo trabalho!

    Amo-te Linda

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  2. Tu me surpreendes, Mari!
    Sensacional este texto!
    Beijos,
    Mamãe

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