Entramos em 2017 e, neste momento que se apresenta como um novo ciclo, muitos
de nós fazemos promessas, lista de desejos, planos de um futuro melhor. E, com
toda essa esperança depositada num ano que se transforma não por causa de
alguma numerologia ou coisa do tipo, mas pela ação dos indivíduos, leio num
site a seguinte dica: “Se desafie a fazer algo diferente”. Com este tipo de
inspiração, o coração se sensibilizou ainda mais com os versos, interpretados
como um chamado à aventura, do livro “Poesia Estradeira” (Editora Thesaurus,
2016) do poeta e contista mineiro Glauber Vieira Ferreira.
O
escritor, nascido em Varginha (MG), e residente em Brasília desde a infância,
já é um iniciado das letras. Ele tem participação em vinte antologias
literárias e é vencedor do VII Prêmio Barueri de Literatura; foi selecionado nos
concursos Poesia nos Ônibus, organizado pelas prefeituras gaúchas de Santa Rosa
e Gravataí; e também no Pão e Poesia, de Blumenau, Santa Catarina. Além disso, o
livro “Mosaicos” (Editora Penalux, 2015) foi o primeiro livro publicado de
Glauber, que tem 93 minicontos, mesclados entre o humor leve, descontraído, e
às densas reflexões.
É
com esta personalidade, refletida em seu estilo literário, que o poeta mineiro
Glauber Vieira Ferreira manifesta-se de maneira sensível, bela e autêntica o
olhar de quem enxerga tanto o que está lá fora, quanto o que está cá dentro em
sentido figurado e também literal. Sim, o livro presenteia o leitor com poemas que
nos faz sentir as impressões dos lugares visitados ou imaginados pelo poeta e
com fotografias plenas de poesia.
Podemos
apreciar “A Isla Negra de Neruda”, “Amazônia”, “Barreirinhas”, “Cabo da Roca”,
“Cuba”, “Fernando de Noronha”, “Maceió”, “Sertão”, “Vale da Lua”, “Marte?”,
dentre outros poemas e fotografias. Mesmo diante de belezas naturais e riquezas
humanas, Glauber é igualmente atento às realidades sociais, denunciando as
barreiras, muros e divisões geopolíticas suscitadas pelas guerras e ideologias,
além da marginalização do próprio ser humano.
Em
seu posfácio, o escritor nos declara abertamente: “A vida de todo ser humano
pode ser marcada por um ponto em um mapa. A partir dali, cada pessoa toma
caminhos diversos e certamente passará por estradas que se cruzam, trilhas,
veredas, curvas de noventa graus, becos que não darão em lugar algum, planaltos
seguros e precipícios perigosos. Muitas serão as oportunidades de mudar da
solidão para a multidão.” E com esta reflexão íntima expressa em “Poesia Estradeira”, o poeta deixa claro o seu papel na vida do leitor, de ser aquele
companheiro amigo enquanto durar a viagem, ou em outras palavras, a leitura.
São
agradáveis todas essas paisagens, passadas aos sentidos e às sensações, proporcionadas
pelos poemas e fotografias de Glauber Vieira Ferreira. E, neste passeio
marcante, destaco um trecho do poema “Barreirinhas”, nome de um município do
Estado do Maranhão “coberto” pelos Lençóis Maranhenses:
“E
antes de se refrescar
um
desafio: encare a caminhada
como
um simbolismo
da
jornada de um homem pela vida
até
o seu melhor”.
Agora, crítica literária, Mari? Tu me surpreendes! Parabéns!
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